sábado, 30 de maio de 2009

1ª lição de português

Não me quero tornar maçuda, sei que este já é o terceiro post sem fotos, mas apetece-me mesmo partilhar.

Hoje voltei a reunir-me com a minha Tandem, desta feita para a lição de português, que a bem dizer foi de facto a primeira lição, já que na semana passada foi só para nos conhecermos, ela nem sequer me corrigiu.

Como nenhuma de nós nunca tinha feito Tandem, nem sabíamos bem como fazer. Encontrámo-nos numa sala de estudo que tem um jardim com mesas e cadeiras para estudar ao livre – Polo Pacinotti - e começámos a conversar casualmente. O cumprimento inicial foi logo um “Olá!”, afinal hoje era o dia de falar em português. Pensei que íamos ficar sem tema por não termos ainda muita confiança, mas nada disso. A conversa fluiu naturalmente e a certa altura eu achei que precisávamos de papel e caneta. Conforme ela errava palavras ou tinha dúvidas em relação a como se dizia certa coisa, eu escrevia no caderno dela. À medida que a conversa se desenrolava, surgiam-me também a mim dúvidas no italiano. De início perguntava-lhe meio a medo, porque hoje era o dia de ela aprender, mas depois foi-se tornando normal, eu própria aprendi imenso, e a certa altura também já tinha o meu próprio caderninho onde ela me escrevia vocabulário.

Tenho uma aluna muito aplicada, foi toda equipada com duas gramáticas de português e um dicionário gigante. Não fala nada mal, esperava muito pior já que só aprendeu durante 1 ano, há 3 anos atrás. Eu descobri que tenho de dar um olhinho numa gramática de português porque falar é muito fácil, falo desde que nasci, mas as regras já não as sei para explicar. Felizmente ela não tem interesse em aprender a 2ª pessoa do plural (eu não lha saberia ensinar!), porque também já foi informada que não se usa na maior parte de Portugal. Já agora, alguém me sabe explicar porque é que caiu em desuso? Mãe?

Tive de ter o maior cuidado no meu discurso, não só na velocidade, como também em expressões que reparei que uso como “tás” em vez de “estás” ou diminutivos como “pequenina” em vez de “pequena” - ela aí não me entendia. Pedi-lhe desculpa pelo calão, e depois não perdi a oportunidade de perguntar como se dizia “calão” em italiano. É gergo, mas usam mais o slang, importado do inglês. Fiquei contente porque quando a corrigia ela raramente voltava a dar o mesmo erro, vê-se que tem jeito para as línguas (fiquei a saber que isso se diz è portata per le lingue). Também ela me disse que tem de ter cuidado quando fala comigo para não usar expressões Toscanas, porque não há grande interesse em que eu aprenda Toscano (aqui em Itália praticamente cada província tem um dialecto diferente).

A meio fizemos uma pausa para café e ela bebeu o típico pacotinho de chá de limão com a palhinha que os italianos estão SEMPRE a beber, é mesmo característico. Aproveitei para experimentar também um e é realmente bom. Chama-se EstaTHE, que é um trocadilho entre verão (Estate) e chá (), e também fiquei a saber que trocadilho se diz gioco di parole.

Enfim, o encontro que era para demorar uma horita estendeu-se por três horas que passaram a correr, e posso garantir que ambas aprendemos bastante e de forma muito light, na esplanada do jardim, numa conversa sobre Pisa (ela é mesmo Pisana e explicou-me imensas coisas sobre a cidade), Lisboa e outros assuntos que iam surgindo.

Estive a pensar e quero continuar o Tandem quando voltar a Portugal. Hei-de arranjar um Erasmus italiano/a que esteja interessado em melhorar o seu português. É uma experiência multo interessante, aconselho vivamente a todos aqueles que queiram melhorar o conhecimento de uma língua!

1 comentário:

Anónimo disse...

que giro, só por ler o teu blog (nada maçudo) também aprendo bastantes coisas, valha-nos o erasmus e os blogs para irmos transmitindo estas coisas super interessantes!!continua!!