quinta-feira, 19 de março de 2009

As minhas leituras


Estou a adorar as várias abordagens à língua italiana que aqui tenho tido.

Aulas em italiano, manuais em italiano, trabalhos da faculdade em italiano, aula de salsa em italiano, tarefas do dia-a-dia em italiano, conversas com outros Erasmus em italiano, cinema em italiano, televisão em italiano, estação de rádio italiana, música em italiano, e a juntar a tudo isto, decidi agora deliciar-me com um romance, também ele em italiano.

Chama-se Seta (em português, seda), e é de Alessandro Barrico, conceituado autor italiano. Foi aconselhado pela minha professora, e dele nasceu o filme homónimo, com actores como Keira Knightley, Alfred Molina e Michael Pitt.

Há lá melhor forma de aprender uma língua?

terça-feira, 3 de março de 2009

Adeus...

Podia ter ficado mais um dia em Verona porque realmente a cidade merecia. Mas não. Havia pessoas com quem queria aproveitar os últimos segundinhos. Por isso voltei.

E foram dias de loucura. Acordar, sair, dormir, acordar, sair, dormir, acordar e sair. Aproveitar ao máximo enquanto ainda dava.


Despedida da Sara e do João com direito a jantar na Ilaria e Michele (já é tradição!), Lo Sfizio, Garibaldi, Boderline e depois a oportunidade de finalmente provar os famosos crepes da Sara que não desiludiram em nada.
Ataques de choro, abraços, beijinhos e saudades.

Aproveito para te agradecer Sarinha por me teres deixado a tua bicicleta que é mesmo gira, ando toda vaidosa, já que a minha está toda descomposta desde que foi roubada, já nem cesto, nem campainha, nem nada. E agradeço também a balança e os restantes objectos que vão dar muito jeito.


No dia seguinte, despedida da Marta, Araceli e Bea. Ai alma gemelle, abandonas-me assim! Já não bastava a Ana Hervás e a Pilar…
Sair de casa a cantar e voltar ainda a cantar. Bottelion na Piazza Garibaldi até tarde.
Antes que a minha Inesinha se fosse, arranjámos um tempinho para concretizar duas combinações antigas: ir andar de cavalo ao estábulo do Dan, um indiano que conhecemos numa história surreal há uns meses atrás, e irmos à prova de vinhos Sicilianos no café do Michele. Ficou por concretizar o jantar de Sushi.




O último dia da Inês foi ocupado a ajudá-la a fazer as malas. Vários amigos juntaram-se para a vir acordar e fazer o que fosse preciso. Descolar as 150 fotografias das paredes do quarto não foi tarefa fácil. Ver as paredes nuas fez muita impressão e para além disso, ainda bem que a caução já tinha sido devolvida, o bostik fez buracos inacreditáveis na parede.

(antes)
(depois...)
Despedida da Inês: Discotreno organizado pelo ESN até ao Carnaval de Viareggio (estância balnear aqui ao lado), Carnaval esse muito popular em Itália. Fez-me imenso lembrar Portugal e o Carnaval de Torres: barraquinhas, música popular conhecida, muitos mascarados, muita gente a dançar. Quase todos os Erasmus aderiram à máscara, levando pelo menos um acessório. Eu fui novamente de sposa.




Depois de a festa nas ruas acabar ainda fomos a uma festa na casa de praia do Pasquale do ESN, em Viareggio, voltando todos no comboio das 5h38 para Pisa.

Chegados a casa, foi tempo de a Inesinha ultimar as suas malas, e sairmos em direcção à estação. Um caminho muito triste, ruas e ruas de recordações e histórias. Uma grande pena.

(Ao passar neste sítio, decidimos fazer uma réplica desta foto tirada logo em Setembro, e curisosamente até estavamos com as mesmas roupas)


Uma última fotografia, na Ponte Mezzo.


Sentimentos destes só tinha tido na ACAJ (colónia de férias que fiz muitos anos): amizades muito intensas que se constroem muito depressa devido à elevada convivência e que deixam uma saudade e tristeza gigante…

Carnaval no Veneto

Aproveitando o feriado, decidi dar um saltinho ao célebre Carnaval de Veneza. Quis no entanto manter a mesma companhia do ano passado: a minha Vanessinha, que começou o seu Erasmus há duas semanas na vizinha Génova. Também como no ano passado, ficámos alojadas na casa de uma amiga da Vanessa, a Carolina, que fez Erasmus em Veneza há dois anos, e que por gostar tanto, por lá ficou a trabalhar desde então. Com a pequena diferença de que no ano passado ela morava numa rua atrás da Praça de São Marcos, e este ano mora no Lido… faz uma certa diferença, lol.

Procurámos comboios regionais que, partindo das nossas respectivas cidades, chegassem a Veneza mais ou menos à mesma hora. E assim foi, forreta como sou, apanhei três comboios para pagar apenas 18€ para chegar a Veneza, demorando umas 6 horas e fazendo trocas no Prato e em Bologna. Nota: nunca façam trocas no Prato, fui completamente assediada… que nojo. Fora isso, gostei de viajar sozinha, quase não tive oportunidade de adiantar o livro que levei para ler porque fui conhecendo imensa gente, óptimo para praticar o meu italiano.

Chegada à estação de Veneza S. Lucia, fiz questão de não sair enquanto a Vanessa não chegasse, já que é uma cidade tão nossa, onde tínhamos sido tão felizes no ano passado.

Devido à hora tardia a que chegámos, nessa noite já pouco havia a fazer, pelo que nos dirigimos ao Lido. Primeiro Vaporetto, depois autocarro. Distraídas na conversa, deixámos passar a nossa estação de saída, e quando demos por nós, o autocarro estava em cima de um ferryboat, já em direcção a outra ilha, de nome Pelestrina. Com esta brincadeira tivemos de esperar que o autocarro chegasse ao fim e voltasse a fazer a rota inversa, o que fez com que chegássemos estupidamente a casa às 5h da manhã, trazendo uma bela dose de preocupação à anfitriã Carolina.

Guardámos dois dias para passear calmamente por Veneza, outro para ir a Pádua, e o último, já de regresso, para conhecer Verona. Foi bom termos ido juntas, porque como já tínhamos conhecido Veneza no Carnaval do ano passado, faltavam-nos ver as mesmas coisas. Assim, e dado que os principais ex-libris de Veneza já estavam vistos, optámos por ir ao Cemitério (uma ilha só com um cemitério cheio de espaços verdes, onde só se chega de barco e por onde passam muitos turistas), e a Burano, já que no ano passado eu me tinha enganado, e nos tinha levado até Murano – horrível. Burano vale mesmo a pena, embora seja a 1h30 de Vaporetto.




O outro dia em Veneza aproveitámos para ir ao Campo de Santa Margheritta comer uma Pisa al Volo, tão célebre e tão deliciosa, e para nos perdermos sem rumo pelas ruelas.

À noite jantávamos por casa, pasta feita pelo namorado da Carolina, italiano do Veneto, e íamos para o Carnaval, sempre animadíssimo, pena acabar cedo. Também ainda deu para me cruzar com um grupinho de amigos portugueses aqui de Pisa que foram também para lá :)




No dia seguinte Pádua, que bem podia ter sido dispensada, não gostámos mesmo. Algumas ruinhas engraçadas no centro histórico, mas logo seguidas de ruas grandes, modernas, com estradas e infra-estruturas altas, num contraste sem sentido.

Já Verona, tivemos foi pena de não perder lá mais tempo. Lindo, lindo, lindo. Ruinhas, todas elas muito queridas. Percebo aqueles que a consideram a cidade mais linda de Itália. Fomos à Casa da Julieta onde nos bombardearam de ofertas, e onde a Vanessa dedicou por escrito todo o seu amor por mim :P Não houve tempo para muito mais, havia três comboios para apanhar de regresso a Pisa/ Génova. Tenho mesmo de lá voltar com mais calma.




Veneza continua a ser a minha cidade preferida de todo o sempre, e quem sabe se no próximo Carnaval não estaremos novamente lá para fazer o hat-trick.

P.S.- Esta quarta parto novamente em viagem, isto anda muito agitado eu sei, pais! Tem de se aproveitar enquanto as aulas ainda estão a meio gás! Vou conhecer Nápoles, Pompeia e Amalfi, com passagem por Roma.

P.S. 2- Já comecei o curso de italiano, nível B2. Estou a gostar porque não há portugueses, e espanhóis apenas uns 3. Ainda hoje tive a fazer um trabalho com uma polaca, um inglês e uma norte-americana. Fora isso, há franceses, alemães, indonésios… gosto.

Agora sim!

Já temos nova co-inquilina, e agora é de vez.

O Chris acabou por arranjar quarto na casa de um dos melhores amigos, então em vez de um inglês, vamos ter... uma inglesa!

Metemos o anúncio num site, e coincidência ou não, fomos contactados pela pessoa que eu tinha preferido. Domonique, 21 anos, de Manchester, um pouco tresloucada conforme pudemos constatar ao conhecê-la.

Amanhã muda-se de armas e bagagens para o quarto ao lado do meu.

Nada mau, quando estivemos quase a ver-nos obrigados a dizer que sim a esta trintona espanhola com um certo ar-de-bruxa que traria o gato, também ele com ar sinistro. Vá, secalhar estou a ser cruel...

Latest news

Não tenho escrito porque estes últimos dias têm sido demasiado agitados e intensos para estar ao computador.

Tenho tido visitas, o Jaime e a Beatriz estiveram uma semana por terras italianas e uns diazinhos cá por casa. Para apenas 7 DIAS pagaram 45€ de excesso de bagagem, nada exagerado, diga-se de passagem. Nota: eu para vir 1 ANO estudar para fora não paguei excesso de peso. Nem eles sabiam como transportar aqueles malões, eu só me ria. Ai, o que é que se há-de fazer!


Fiz de guia turística, mostrando-lhes os pontos fortes da cidade, mas também os “meus” sítios, como a "minha" faculdade, o “meu” ginásio, o “meu” cinema, a “minha” esplanada. Obrigaram-me a tirar a foto da praxe na Torre, aquela com que eu sempre gozo quando lá passo e vejo os turistas a fazer aquela figura ridícula.
Em honra da sua visita, e para que pudessem ter um maior contacto com o meu mundinho de Erasmus, tinha sido agendada uma festa daquelas cá em casa, mas desta vez com tema: Bad Taste Party: todos deviam vir mal vestidos, o pior que tivessem, ou as piores combinações possíveis.

A taxa de adesão não foi baixa, contudo nota negativa para as espanholas, que não foram capazes de largar por uma noite os seus kits sempre arrojados. De louvar os rapazes que deixaram crescer o bigodinho para a festa :)


Tentei encontrar a pior combinação de peças que consegui, e o resultado foi: sandálias castanhas, leggings amarelas, mini-saia às flores, top tigresa, casaco azul-escuro, brincos verdes, flor ao peito, lenço aos quadrados, boina azul e maquilhagem exagerada. A última coisa que queria que me dissessem naquela noite era “estás gira”; “estás horrível” nessa noite soava a elogio.

A festa tomou proporções um bocado exageradas, ao ponto de haver grupos a tocarem à porta em que não conhecíamos nenhum dos elementos. O total de umas 90 pessoas, estimamos.

Como o andar da coisa mostrava que a situação estava a ficar descontrolada, as pessoas foram convidadas a continuar a festa na Piazza Garibaldi. E como já era de esperar, chegados lá abaixo, esperavam-nos quatro carros, quer de Polizia, quer de Carabinieri. Perguntámos-lhes se quem os tinha chamado tinha sido o vizinho do costume, ao que eles responderam que tinham recebido telefonemas de toda a rua… e de facto quem chegava confirmava que o barulho já se ouvia na Porta a Lucca.

Depois de lhes assegurarmos que deixávamos o prédio, lá se foram embora, não deixando no entanto de passar depois várias vezes na Piazza para confirmar. E assim foi, às tantas da manhã conseguimos encher a Garibaldi, onde muitos ficaram até ser dia.

Entretanto tive também duas outras visitas especiais, o Pedro e a Mafalda (meu irmão e cunhadinha). Fizeram um circuito muito bem organizado por Itália: Roma, Veneza, Pádua, e depois, já a vir dormir cá a casa, Pisa, Lucca, Cinque Terre, Florença, Vinci e Siena, tudo isto em apenas uma semana! Gostei muito de os receber: muito independentes, sociáveis, arrumados e flexíveis. Cedi-lhes o meu quartinho e fui acampar para o quarto da minha Inesinha.
Durante os dias faziam os seus passeios, e à noite vinham sair connosco, embora sempre saudosos das pequenas gémeas que deixaram pela primeira vez. Gostei muito de vos ter cá :)