sábado, 29 de novembro de 2008

Em busca do pacco perdido

Sabia que a minha avó me tinha mandado uma encomenda para cá.

Não sabia o que tinha, mas sabia que já tinham passado duas semanas, e portanto era já altura de ter chegado. Começava e suspeitar que tinha sido o vizinho de baixo a roubá-la (sim, aquele vizinho que está sempre a vir cá refilar).

Até que ligam a dizer que a encomenda está algures em Pisa, mas com o endereço ilegível. Contudo, a saga não ficou por aqui:

Ir duas vezes à estação de correios aqui da zona, ir à estação de correios central de Pisa, ligar para o número verde, mas nada. Ninguém sabia de tal encomenda.

Dias depois, tentar ligar para outro número e ter a informação de que a encomenda se encontrava numa zona periférica da cidade chamada Ospedaletto, no armazém da DHL. Valeu-me ter um mapa de Pisa todo despedaçado no fundo da mala desde há três meses para cá, onde num cantinho meio rasgado tinha as ruas de Ospedaletto.

Correr mundos e fundos à procura da porcaria do autocarro que vai para Ospedaletto, ouvir indicações contraditórias e finalmente apanhar o autocarro certo, o 12, já de noite.
Ver a cidade a ficar para trás, e o autocarro a apanhar vias rápidas até ao belo do subúrbio.

Passar numa estrada longa e escura, sem casas, apenas fábricas e stands de automóveis, e saber que é algures por ali, mas sem saber ao certo em que paragem descer.

Querer pedir ajuda ao motorista mas reparar na placa por cima da sua cabeça: "Si prega di non parlare al conducente".

Ganhar coragem, e com medo de ouvir uma resposta torta perguntar onde sair e se há viagem de regresso mais tarde. "Só há mais uma".

Morrer de medo de passar a noite sozinha naquele fim-do-mundo, ainda por cima sem dinheiro em nenhum dos telemóveis.

Descer na paragem certa, andar imenso até à porcaria da rua da DHL e finalmente chegar até à encomenda!

Fazer uma peixeirada (peixeirada em italiano tem muito mais classe) com toda aquela situação e exigir que me levassem de volta à civilização, que o autocarro era longíssimo, era de noite, estavam 7ºC e estava sozinha.

Vir "de rabinho tremido" numa carrinha da DHL até à portinha de casa e FINALMENTE poder abrir a encomenda.

E ver que o conteúdo compensou todo este episódio.
No fundo, miminhos da minha avó, entre os quais, chocolates, mel caseiro, S's de Azeitão (dos poucos bolos que eu gosto!), bolachinhas, chá, lacinhos (massa), fotografias, e o melhor: duas cartinhas muito queridas! Com frases típicas de avó, como "Estás mais magrinha", "Come bem meu amor, não te importes de gastar dinheiro que a saúde é o mais importante", "estás numa cidade muito perigosa" LOL
Muito obrigada!

3 comentários:

Anónimo disse...

Que querida a tua avó, tenho a certeza que depois de abrires a encomenda valeu a pena todo o esforço e medo de chegar até ela!
Espero que estejas bem!
Um grande beijinho*

Anónimo disse...

adoro a tua avó!! qd falares c ela da-lhe um bjinho meu! e ve se segues os conselhos dela e se comes bem pk a saude vem 1º!!! (isto é igual a n seres forreta) =P

bjinhos e saudds miuda***

Piafa disse...

Olá... Gosto de ver que te estás a adaptar bem. Em relação a alimentar bem. De todas as experiencias Erasmus que ouvi de amigos (incluindo amigas que estiveram em Italia) e contando com a minha, tem cuidado e toma atenção ao sindroma das portuguesas em Erasmus = ENGORDAR! Por isso, não deixes de te alimentar mas, toma muita atenção ao que comes (ainda por mais em Itália). As saudades, o frio a que não estamos habituadas, as noites seguidas de bebedeiras(alcool tem muitas calorias), os pitéus cozinhados pelos nossos amigos de outras nacionalidades com ar apetitoso a que não somos capazes de lhes fazer uma desfeita, a procura de um sabor português que quando nos é enviado sabe tãooo bem e usamos para matar saudades (a mim foi com papa Cerelac - que não tinha habito de comer em Portugal, mas reconfortava as manhãs frias em que as saudades apertavam), a diminuição da actividade física (ginasios, vida stressante de big city), a ideia errada que a bicla pa faculdade e compras mantem a forma, entre outros tantos habitos que adquirimos em Erasmus devido a uma necessidade de arranjarmos as nossas regras!
Quando acaba o teu Erasmus?
Beijinhos grandes,
Inês