Não me quero tornar maçuda, sei que este já é o terceiro post sem fotos, mas apetece-me mesmo partilhar.
Hoje voltei a reunir-me com a minha Tandem, desta feita para a lição de português, que a bem dizer foi de facto a primeira lição, já que na semana passada foi só para nos conhecermos, ela nem sequer me corrigiu.
Como nenhuma de nós nunca tinha feito Tandem, nem sabíamos bem como fazer. Encontrámo-nos numa sala de estudo que tem um jardim com mesas e cadeiras para estudar ao livre – Polo Pacinotti - e começámos a conversar casualmente. O cumprimento inicial foi logo um “Olá!”, afinal hoje era o dia de falar em português. Pensei que íamos ficar sem tema por não termos ainda muita confiança, mas nada disso. A conversa fluiu naturalmente e a certa altura eu achei que precisávamos de papel e caneta. Conforme ela errava palavras ou tinha dúvidas em relação a como se dizia certa coisa, eu escrevia no caderno dela. À medida que a conversa se desenrolava, surgiam-me também a mim dúvidas no italiano. De início perguntava-lhe meio a medo, porque hoje era o dia de ela aprender, mas depois foi-se tornando normal, eu própria aprendi imenso, e a certa altura também já tinha o meu próprio caderninho onde ela me escrevia vocabulário.
Tenho uma aluna muito aplicada, foi toda equipada com duas gramáticas de português e um dicionário gigante. Não fala nada mal, esperava muito pior já que só aprendeu durante 1 ano, há 3 anos atrás. Eu descobri que tenho de dar um olhinho numa gramática de português porque falar é muito fácil, falo desde que nasci, mas as regras já não as sei para explicar. Felizmente ela não tem interesse em aprender a 2ª pessoa do plural (eu não lha saberia ensinar!), porque também já foi informada que não se usa na maior parte de Portugal. Já agora, alguém me sabe explicar porque é que caiu em desuso? Mãe?
Tive de ter o maior cuidado no meu discurso, não só na velocidade, como também em expressões que reparei que uso como “tás” em vez de “estás” ou diminutivos como “pequenina” em vez de “pequena” - ela aí não me entendia. Pedi-lhe desculpa pelo calão, e depois não perdi a oportunidade de perguntar como se dizia “calão” em italiano. É gergo, mas usam mais o slang, importado do inglês. Fiquei contente porque quando a corrigia ela raramente voltava a dar o mesmo erro, vê-se que tem jeito para as línguas (fiquei a saber que isso se diz è portata per le lingue). Também ela me disse que tem de ter cuidado quando fala comigo para não usar expressões Toscanas, porque não há grande interesse em que eu aprenda Toscano (aqui em Itália praticamente cada província tem um dialecto diferente).
A meio fizemos uma pausa para café e ela bebeu o típico pacotinho de chá de limão com a palhinha que os italianos estão SEMPRE a beber, é mesmo característico. Aproveitei para experimentar também um e é realmente bom. Chama-se EstaTHE, que é um trocadilho entre verão (Estate) e chá (tè), e também fiquei a saber que trocadilho se diz gioco di parole.
Enfim, o encontro que era para demorar uma horita estendeu-se por três horas que passaram a correr, e posso garantir que ambas aprendemos bastante e de forma muito light, na esplanada do jardim, numa conversa sobre Pisa (ela é mesmo Pisana e explicou-me imensas coisas sobre a cidade), Lisboa e outros assuntos que iam surgindo.
Estive a pensar e quero continuar o Tandem quando voltar a Portugal. Hei-de arranjar um Erasmus italiano/a que esteja interessado em melhorar o seu português. É uma experiência multo interessante, aconselho vivamente a todos aqueles que queiram melhorar o conhecimento de uma língua!
sábado, 30 de maio de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Época de exames
A época de exames já começou.
Fiz exame de Giustizia Costituzionale e Tutela dei Diritti Fondamentali (Direitos Fundamentais, portanto) na semana passada, tive 28 (em 30) e o professor ainda disse que fui brava :)
Quarta-feira às 9h tinha exame de Procedura Penale (Processo Penal) e mais uma vez a tão característica desorganização italiana voltou a manifestar-se. Estavam 70 pessoas inscritas para o exame, e cada oral a demorar 30 minutos (embora que 3 pessoas eram examinadas ao mesmo tempo). Ainda perguntei aos assistentes se eu, por ser Rodrigues Oliveira (sim, cá infelizmente chamam-nos e ordenam-nos pelo apelido, o que me faz ficar sempre para o fim, ao contrário do sistema português em que sou sempre das primeiras por ser Ana) conseguia fazer oral no próprio dia, ao que eles me disseram sempre que sim, que todas as pessoas seriam examinadas no próprio dia. Às 14h ainda ia na letra C e decidiram fazer uma pausa para almoço. Assim, à tarde lá estava eu outra vez, o nervoso a ser prolongado ainda mais. Chegando às 19h, e sendo que estava lá, repito, desde as 9h da manhã, o que faz 10h de sofrimento, o professor tem a lata de dizer que os Erasmus ficam para o dia seguinte, que já não há tempo porque tem de ir ver a Champions League que está quase a começar (!!!). E quando a Esther, espanhola, disse que não podia fazer o exame no dia seguinte porque tinha avião de manhã para Espanha, ele respondeu “Então faz o exame em Junho”. Enfim, Quando contei isto a uma italiana, ela só me respondeu “Benvenuta all’Università di Pisa” … parece que é normal por aqui. Sem dúvida um dos piores dias de sempre.
Mas a quem é que lembra deixar que 70 pessoas se inscrevam no mesmo dia, sem que ao menos se façam turnos manhã/ tarde? Gosto muito deste país, mas é bem verdade que é demasiado desorganizado, e isso vê-se nas mais pequenas coisas.
Enfim, quinta-feira de manhã lá voltei, fiz o exame e tive 26 :)
É verdade que não fiz nada todo o semestre, mas agora tenho-me fechado em casa de maneira tal que nem me estou a reconhecer. Nem à sexta e ao Sábado à noite saí nos últimos fins-de-semana. Ainda não pus um pé na praia. Os cafés e chás pretos são mais que muitos. As noitadas no quarto do Zé a estudar em grupo têm sido todas. E estuda-se bem ali, pode parecer estúpido mas sinto que como somos muitos, há sempre alguma boa energia no ar que me ajuda quando estou mais nervosa. Especial agradecimento ao Zé, que nas vésperas dos exames me têm deixado assistir às suas declamações de 4h sobre a matéria e interromper com dúvidas, o que sem dúvida me tem ajudado bastante.
E ainda bem que temos feito tudo isto, porque o esforço tem sido recompensado, e por ter feito duas cadeiras já valeu a pena não ter ido ao Evento Nazionale de Erasmus na Sicília :)
Fiz exame de Giustizia Costituzionale e Tutela dei Diritti Fondamentali (Direitos Fundamentais, portanto) na semana passada, tive 28 (em 30) e o professor ainda disse que fui brava :)
Quarta-feira às 9h tinha exame de Procedura Penale (Processo Penal) e mais uma vez a tão característica desorganização italiana voltou a manifestar-se. Estavam 70 pessoas inscritas para o exame, e cada oral a demorar 30 minutos (embora que 3 pessoas eram examinadas ao mesmo tempo). Ainda perguntei aos assistentes se eu, por ser Rodrigues Oliveira (sim, cá infelizmente chamam-nos e ordenam-nos pelo apelido, o que me faz ficar sempre para o fim, ao contrário do sistema português em que sou sempre das primeiras por ser Ana) conseguia fazer oral no próprio dia, ao que eles me disseram sempre que sim, que todas as pessoas seriam examinadas no próprio dia. Às 14h ainda ia na letra C e decidiram fazer uma pausa para almoço. Assim, à tarde lá estava eu outra vez, o nervoso a ser prolongado ainda mais. Chegando às 19h, e sendo que estava lá, repito, desde as 9h da manhã, o que faz 10h de sofrimento, o professor tem a lata de dizer que os Erasmus ficam para o dia seguinte, que já não há tempo porque tem de ir ver a Champions League que está quase a começar (!!!). E quando a Esther, espanhola, disse que não podia fazer o exame no dia seguinte porque tinha avião de manhã para Espanha, ele respondeu “Então faz o exame em Junho”. Enfim, Quando contei isto a uma italiana, ela só me respondeu “Benvenuta all’Università di Pisa” … parece que é normal por aqui. Sem dúvida um dos piores dias de sempre.
Mas a quem é que lembra deixar que 70 pessoas se inscrevam no mesmo dia, sem que ao menos se façam turnos manhã/ tarde? Gosto muito deste país, mas é bem verdade que é demasiado desorganizado, e isso vê-se nas mais pequenas coisas.
Enfim, quinta-feira de manhã lá voltei, fiz o exame e tive 26 :)
É verdade que não fiz nada todo o semestre, mas agora tenho-me fechado em casa de maneira tal que nem me estou a reconhecer. Nem à sexta e ao Sábado à noite saí nos últimos fins-de-semana. Ainda não pus um pé na praia. Os cafés e chás pretos são mais que muitos. As noitadas no quarto do Zé a estudar em grupo têm sido todas. E estuda-se bem ali, pode parecer estúpido mas sinto que como somos muitos, há sempre alguma boa energia no ar que me ajuda quando estou mais nervosa. Especial agradecimento ao Zé, que nas vésperas dos exames me têm deixado assistir às suas declamações de 4h sobre a matéria e interromper com dúvidas, o que sem dúvida me tem ajudado bastante.
E ainda bem que temos feito tudo isto, porque o esforço tem sido recompensado, e por ter feito duas cadeiras já valeu a pena não ter ido ao Evento Nazionale de Erasmus na Sicília :)
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Tenho uma Tandem!
“E o que é uma Tandem?” , perguntam vocês.
Tandem é uma forma de aprendizagem de uma nova língua, em que duas pessoas de diferentes nacionalidades se juntam frequentemente para ensinarem uma à outra a sua língua mãe.
Chama-se Eleanora, tem 27 anos, e é italiana de Pisa. Estuda línguas e já teve 1 ano de Português.
Tudo começou porque ela ouviu dois amigos meus a falarem português entre eles, e perguntou se por acaso não conheciam ninguém interessado em ser sua Tandem. Eles lembraram-se logo de mim, sabem que eu gosto destas coisas :)
Tomámos ontem um café para nos conhecermos, e combinámos encontrarmo-nos 1/2 vezes por semana, em que alternaremos na língua falada: ora Italiano, ora Português.
Como estou muito entusiasmada e quero ser uma Tandem super dedicada, tenciono que a “minha aluna” conheça não só a nossa língua, como também a nossa cultura. Deste modo, já ando cheia de ideias, como gravar-lhe um CD com músicas dos mais emblemáticos cantores
portugueses, e oferecer-lhe uns bolinhos típicos, como por exemplo S’s de Azeitão.
Próxima quinta-feira aulinha de português!
Tandem é uma forma de aprendizagem de uma nova língua, em que duas pessoas de diferentes nacionalidades se juntam frequentemente para ensinarem uma à outra a sua língua mãe.
Chama-se Eleanora, tem 27 anos, e é italiana de Pisa. Estuda línguas e já teve 1 ano de Português.
Tudo começou porque ela ouviu dois amigos meus a falarem português entre eles, e perguntou se por acaso não conheciam ninguém interessado em ser sua Tandem. Eles lembraram-se logo de mim, sabem que eu gosto destas coisas :)
Tomámos ontem um café para nos conhecermos, e combinámos encontrarmo-nos 1/2 vezes por semana, em que alternaremos na língua falada: ora Italiano, ora Português.
Como estou muito entusiasmada e quero ser uma Tandem super dedicada, tenciono que a “minha aluna” conheça não só a nossa língua, como também a nossa cultura. Deste modo, já ando cheia de ideias, como gravar-lhe um CD com músicas dos mais emblemáticos cantores
portugueses, e oferecer-lhe uns bolinhos típicos, como por exemplo S’s de Azeitão.
Próxima quinta-feira aulinha de português!
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Festa Slovacca
Os eslovacos daqui juntaram-se e organizaram uma festa eslovaca. Ainda tentaram procurar um espaço para arrendar, mas acabou por ser mesmo na linda casa da Maria e do Martin. Até o senhorio teve direito a convite.
Espalhados pelos corredores e até paredes da casa-de-banho, fotografias de eslovacos importantes (sabiam que o Andy Warhol era filho de pais eslovacos?).
À entrada, um grande aviso a dizer "Stop! Read!", onde se podiam ler informações sobre história, geografia, gastronomia e cultura da Eslováquia.
Espalhados pelos corredores e até paredes da casa-de-banho, fotografias de eslovacos importantes (sabiam que o Andy Warhol era filho de pais eslovacos?).
À chegada, era oferecido um shot de uma bebida típica, doce e muito alcoólica.
(Bebidas: Kofola - a coca-cola eslovaca -, Hrushka, Marhula, Slivka, Chereshna, Malina e Fernet)
Não paravam de distribuir bolachinhas e queijinhos típicos (Korbáchify e Parenika).
Banda sonora da festa a rigor também - música eslovaca (e não há nada como ver os eslovacos a dançar, é só rir!)
Indumentária: era obrigatório ir vestido de vermelho, azul escuro ou branco - cores da bandeira.
No roupeiro, frases mais usadas em eslovaco coladas que nos ensinavam a pronunciar.
Nativos com roupa típica.
Prato principal: Klobása e Bryndzové halushky com Slanina.
Folha com mapa da Europa para que os presentes assinassem sobre o seu país:
Claro que a esfomeada da Filipa acabou a raspar os restinhos da panela... esta miúda não tem emenda!
Balanço: muito muito giro.
Ainda vou convencer os meus compatriotas a fazer uma coisa do género!
quarta-feira, 6 de maio de 2009
"Cercano casa"
Já em Outubro tinha contactado a UNA, associação de apoio aos animais aqui de Pisa, mas depois por uma confusão do género ficar sem bateria no telemóvel / voltar a ligar e estar desligado / ligarem-me e eu não poder atender, o projecto acabou por ficar pendente.
Há dias voltei a descobrir o papel com o anúncio aqui por casa e decidi ligar. Disse que não era italiana, mas que teria o maior gosto em ser voluntária, se havia problema, ao que a presidente me respondeu “Quem vem por bem, importa lá de onde vem!”.
Assim, tomámos um café no Domingo para acertarmos os pormenores e ela quis também saber como era a situação dos animais abandonados no meu país. Pelo que me pareceu é igual à do Sul de Itália. Aqui no Norte é raro ver animais vadios, e quando o são, estão gordos e com o pelo bonito. Assim, os animais do Sul são trazidos até ao Norte do país - onde as pessoas são mais civilizadas - para que encontrem um lar.
Ontem foi a primeira iniciativa em que participei: uma campanha de adopção na Via Corso Italia. Uma mesa, uma cadeira, vários cartazes, cartões de visita com o contacto da associação, um pote para ofertas, nós voluntárias, e uma gata e uma cadela a precisarem de casa.
Pelo que vi, a Associação trabalha muito bem. Das ofertas retiravam moedas para ir ao supermercado comprar comida e água para os animais em exposição, sempre preocupadas com o seu bem-estar. Às pessoas que passavam dizendo que estavam interessadas em ter um cão ou um gato com as características X e Y, elas ofereciam-se para mandar uma MMS com fotografia dos que tinham. Já para não falar da origem destes dois que estavam à procura de casa:
- A gata tinha 7 meses, foi encontrada no Autogrill, área de serviço perto de Roma, e trazida até ao Norte por uma das voluntárias. Fazia-se-lhe uma festa e começava logo a “fare le fusa” (ronronar). Como tinha o peito inchado e leite, a voluntária que estava comigo ligava incansavelmente para as voluntárias de Roma, para que voltassem ao Autogrill e procurassem por gatinhos bebés por ali escondidos. A gata acabou por ser adoptada por um casal novo em princípio de vida, que fez da gata seu presente de anos (hoje era o seu aniversário da rapariga). Foi uma óptima sensação, depois de horas e horas em que as pessoas passam, olham, fazem festas, deixam ofertas, mas não adoptam.
Hoje voltei a ser chamada e fomos para um mercado que acontece em Pisa às quartas e sábados de manhã ao pé do Carrefour. Mas nada.
A UNA fomenta o bem-estar dos animais, mas garante também a sua esterilização. Ao adoptar, o dono preenche um formulário onde tem também de garantir que vai esterilizar o animal. Já que a esterilização cá custa 120€, mas por intermédio da Associação fica a 40€, as pessoas acabam por escolher fazê-la pela segunda forma, o que é também uma maneira de a Associação rever o animal, vendo se o dono o está efectivamente a tratar bem. Isto para além dos telefonemas periódicos que a responsável (Filomenna) vai fazendo.
À parte deste género de trabalho, vou poder ainda ajudar no canil a passear os cães, no gatil a limpar e alimentar, e na rua, a alimentar colónias de gatos espalhadas pela cidade. A Associação ocupa-se ainda em manter algum animal em casa dos voluntários até que ele encontre família.
Para além de ser uma boa forma que encontrei de atenuar a falta que os meus animaizinhos me fazem, é muito bom sair de lá e sentir que se pode ser útil numa causa que nos é tão querida :)
Há dias voltei a descobrir o papel com o anúncio aqui por casa e decidi ligar. Disse que não era italiana, mas que teria o maior gosto em ser voluntária, se havia problema, ao que a presidente me respondeu “Quem vem por bem, importa lá de onde vem!”.
Assim, tomámos um café no Domingo para acertarmos os pormenores e ela quis também saber como era a situação dos animais abandonados no meu país. Pelo que me pareceu é igual à do Sul de Itália. Aqui no Norte é raro ver animais vadios, e quando o são, estão gordos e com o pelo bonito. Assim, os animais do Sul são trazidos até ao Norte do país - onde as pessoas são mais civilizadas - para que encontrem um lar.
Ontem foi a primeira iniciativa em que participei: uma campanha de adopção na Via Corso Italia. Uma mesa, uma cadeira, vários cartazes, cartões de visita com o contacto da associação, um pote para ofertas, nós voluntárias, e uma gata e uma cadela a precisarem de casa.
Em geral as pessoas que paravam gostavam muito de animais e faziam ofertas (até notas!). Contudo, se gostavam de animais (e consequentemente paravam) era porque já tinham muitos em casa, não podendo ter mais, ou porque tinham tido em tempos, e quando mortos, o desgosto foi tal que não queriam mais.
Pelo que vi, a Associação trabalha muito bem. Das ofertas retiravam moedas para ir ao supermercado comprar comida e água para os animais em exposição, sempre preocupadas com o seu bem-estar. Às pessoas que passavam dizendo que estavam interessadas em ter um cão ou um gato com as características X e Y, elas ofereciam-se para mandar uma MMS com fotografia dos que tinham. Já para não falar da origem destes dois que estavam à procura de casa:
- A gata tinha 7 meses, foi encontrada no Autogrill, área de serviço perto de Roma, e trazida até ao Norte por uma das voluntárias. Fazia-se-lhe uma festa e começava logo a “fare le fusa” (ronronar). Como tinha o peito inchado e leite, a voluntária que estava comigo ligava incansavelmente para as voluntárias de Roma, para que voltassem ao Autogrill e procurassem por gatinhos bebés por ali escondidos. A gata acabou por ser adoptada por um casal novo em princípio de vida, que fez da gata seu presente de anos (hoje era o seu aniversário da rapariga). Foi uma óptima sensação, depois de horas e horas em que as pessoas passam, olham, fazem festas, deixam ofertas, mas não adoptam.
- A cadelinha foi TRAZIDA DA SICÍLIA DE AVIÃO também por um voluntário, com fundos da UNA! Tem 3 mesinhos, a sua mãe foi envenenada deixando três filhos. O pelo é castanho e os olhos verdes e incrivelmente tristes. É muito meiguinha e tímida. Passou a manhã nos meus braços para que a vissem melhor, mas ainda assim não teve a mesma sorte que a gata, e aguarda ainda alguma alma caridosa que a queira…
Hoje voltei a ser chamada e fomos para um mercado que acontece em Pisa às quartas e sábados de manhã ao pé do Carrefour. Mas nada.
A UNA fomenta o bem-estar dos animais, mas garante também a sua esterilização. Ao adoptar, o dono preenche um formulário onde tem também de garantir que vai esterilizar o animal. Já que a esterilização cá custa 120€, mas por intermédio da Associação fica a 40€, as pessoas acabam por escolher fazê-la pela segunda forma, o que é também uma maneira de a Associação rever o animal, vendo se o dono o está efectivamente a tratar bem. Isto para além dos telefonemas periódicos que a responsável (Filomenna) vai fazendo.
À parte deste género de trabalho, vou poder ainda ajudar no canil a passear os cães, no gatil a limpar e alimentar, e na rua, a alimentar colónias de gatos espalhadas pela cidade. A Associação ocupa-se ainda em manter algum animal em casa dos voluntários até que ele encontre família.
Para além de ser uma boa forma que encontrei de atenuar a falta que os meus animaizinhos me fazem, é muito bom sair de lá e sentir que se pode ser útil numa causa que nos é tão querida :)
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Laurea di Fabrizio
Foi terça-feira dia 28 de Abril que o meu novo co-inquilino italiano se licenciou em Engenharia Biomédica.
Convites feitos pelo Facebook (para não variar), indumentária formal (camisinha e salto alto), e o mesmo meio de transporte do costume:
Assim, às 11h da manhã lá estávamos na Aula Magna da Faculdade de Engenharia. A apresentação da tese só podia demorar no máximo 13 minutos, e depois outros 2 para perguntas do júri e público.
Orgulho-me em dizer que fui a primeira a quem a tese foi apresentada ainda em tom de ensaio, no Domingo à noite. No final fiz as minhas críticas, e chamei a atenção para o facto de o tempo ter excedido os 13 minutos - estava a fazer 15. Na segunda-feira à noite voltei a ouvir a apresentação, mas desta vez eu não era a única, estavam mais amigos, e o tempo continuava a ser 15 minutos. Acho que com tanta ajuda na preparação da coisa acabei por ser contagiada pelo nervosismo, e também eu me sentia ansiosa.
A apresentação correu bem, eu voltei a cronometrar, e pela primeira vez, o tempo feito foi 13 minutos :)
As notas vão de 60 a 110L (que estranho...) e o júri atribuiu-lhe a classificação máxima (110), mas sem distinção (que seria 110 L).
Já à porta da faculdade, garrafas de champagne, muitas fotografias e muitas músicas ("Dottore, Dottore").
À noite, e continuando a festa, aperitivo em nossa casa, e depois tudo fora para o concerto dos The Wailers (que para quem não sabe, são a banda do Bob Marley). Foi um orgulho tê-los em Pisa, numa das praças mais bonitas, a Piazza Carrara, juntinho ao rio, que estava toda iluminada (será demais repetir que adoro mesmo a minha cidade?). Ao ar livre e ingresso gratuito, o que é que se pode pedir mais? A concentração de pessoas com rastas era tão alta como eu nunca tinha visto. Estava um saborzinho especial no ar, e é tão bom estar num concerto em que se sabe as músicas todas! Sem dúvida um dos melhores concertos a que já fui, amei!
Foi mesmo bonito, deliciem-se com os vídeos...
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