Finito!
Acabei os exames na semana passada, finalmente!
Fiz Diritto Interrnazionale Privato, Diritto Tributario, Diritto della Famiglia, Diritto delle Successione e ainda estou à espera do resultado da prova intermédia de Diritto del Lavoro I e II. Tudo oral, excepto Lavoro.
Ora são de notar algumas diferenças em relação aos exames de Direito a que estava habituada no ensino português.
Para começar, a roupa. Se na minha faculdade de Lisboa, para as orais temos de ir todos "pipis", os rapazes de fato e gravata, e as raparigas também com algum grau de formalidade, aqui vai-se de calças de ganga, de ténis, é o que calha, não há cá esses formalismos. Muitas vezes nem os professores estão de fato nas orais, nem mesmo nas aulas.
Depois, em regra os exames são orais. As notas são de 0 a 30, mas a nota mínima de passagem não é 15, mas sim 18. Mal se acaba a oral, o professor escreve a nossa nota no Libretto, uma espécie de boletim do aluno que todos devemos ter. Ao contrário do que sucede em Portugal, não temos de esperar que todos desse dia façam a oral para saber a nota. Acaba-se, e sabe-se logo.
No único exame escrito que fiz, pude constatar que o copianço e as cábulas são universais.
Em todos os exemplos que se dão para explicar as matérias, os três participantes são Tizio, Caio e Sempronio, o que me causa alguma estranheza. É que em Portugal os sujeitos dos exemplos têm sempre o nome das primeiras letras do alfabeto (“O senhor A comprou ao senhor B, que vendeu ao senhor C etc.). Porquê aqueles nomes estranhos cá? Cheira-me a mitologia romana. Senhora-mãe-professora-de-história, não quer fazer o favor de me esclarecer?
O ensino cá é muito teórico, e todos os colegas que tenho de engenharias estão a dar em malucos. Não há exercícios, só decorar teoria. Dizem que nunca tiveram de estudar tanto na vida como estudam cá. E isto leva-me à última e mais importante diferença que sinto no ensino do Direito cá.
Cá temos de decorar números de artigos e todo o seu conteúdo, decorar datas, decorar leis, decorar definições. Interpretar? Perceber? Raciocinar? Relacionar? Saber explicar? Saber doutrina e quem defende o quê? Fazer casos práticos? Pfff isso não é preciso cá. Decorar é o que se quer. Sentar e desbobinar, como se se pusesse uma cassete no Play. Ou seja, decorar tudo o que está escrito nos artigos, porque a lei não se pode ver. Como disse uma professora a um colega meu que pediu para abrir o Código Civil no meio de uma oral, “Se guarda il Codice, c’è scritto!”. Nem para as orais de direito civil levam código… E quando dizemos que em Portugal não há qualquer problema em abrir os códigos durante os exames, associam isso a facilitismo. Como estão enganados… decorar o direito não é saber o direito. Pergunto-me com que preparação ficará esta gente para a vida prática…? Já para não falar de que desde que cá estou não fiz um único caso prático...
A história de que em Erasmus são só facilidades e de que toda a gente passa às cadeiras, salvo raras excepções, não é bem assim. Os italianos costumam dizer “Gli Eramus non studiano, gli fanno passare”. Não é nada disso. Todos nós temos andado com noitadas e noitadas de estudo, cafés, chá preto, nervos, ansiedade, e como é normal, já há histórias de chumbos, desistências de exames… por isso, não é por aí.
E pronto, estas são as principais diferenças que me foram espantando ao longo do período de exames. Agora é tempo de aproveitar umas feriazinhas, com muitas visitas e viagens, que o 2º semestre já está aí à porta. Mas não sem antes ir ao supermercado, fazer umas limpezas e umas arrumaçõezinhas, que os exames desleixaram tudo :P
P.S.- Já fui buscar o certificado do exame de italiano, e mesmo depois daquele incidente, ainda deu para um Distinto (as notas são Sufficiente, Buono, Distinto, Ottimo). Venha daí o nível B2!
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3 comentários:
Exige-se que a menina passe pelo meu blog ou pelo nosso restrito para ver a minha declaração de amor! JA!
Senhora-filha-burrica fique sabendo que Irnerius (1050-1130), jurista natural de Bolonha, ensinou direito em Roma e depois na sua cidade natal, onde fundou uma escola. Foi o autor do primeiro tratado medieval de Direito romano, intitulado Summa Codicis. Nesta obra, ao desenvolver os seus textos jurídicos, designou os personagens de seus exemplos práticos como Titius, Caius e Sempronius, três nomes latinos seguramente escolhidos aleatoriamente. A difusão de sua obra foi tamanha que estes três nomes exemplificativos se fixaram no idioma italiano e perduram até hoje para indicar, como se diz em português, fulano, sicrano e beltrano. Estes três nomes entraram no léxico popular italiano como tizio, caio e sempronio [fulano, sicrano e beltrano], forma utilizada para não mencionar de modo expresso a identidade de alguém ou para relembrar alguém de quem não se sabe o nome.
Assim, filha burrica, dizer estes três nomes é o mesmo que dizer o senhor A, o senhor B e o senhor C.
Se precisar de mais esclerecimentos, é só pedir.
Bjs, bjs, bjs.
Senhora-filha-burrica fique sabendo que Irnerius (1050-1130), jurista natural de Bolonha, ensinou direito em Roma e depois na sua cidade natal, onde fundou uma escola. Foi o autor do primeiro tratado medieval de Direito romano, intitulado Summa Codicis. Nesta obra, ao desenvolver os seus textos jurídicos, designou os personagens de seus exemplos práticos como Titius, Caius e Sempronius, três nomes latinos seguramente escolhidos aleatoriamente. A difusão de sua obra foi tamanha que estes três nomes exemplificativos se fixaram no idioma italiano e perduram até hoje para indicar, como se diz em português, fulano, sicrano e beltrano. Estes três nomes entraram no léxico popular italiano como tizio, caio e sempronio [fulano, sicrano e beltrano], forma utilizada para não mencionar de modo expresso a identidade de alguém ou para relembrar alguém de quem não se sabe o nome.
Assim, filha burrica, dizer estes três nomes é o mesmo que dizer o senhor A, o senhor B e o senhor C.
Se precisar de mais esclerecimentos, é só pedir.
Bjs, bjs, bjs.
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