sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Bruxelas

Aproveitando as promoções da Ryanair, decidi ir visitar a minha Stellinha que estava a fazer Erasmus em Bruxelas. Eram só 3 dias de viagem, o que me levou a pensar se efectivamente valeria a pena. Mas também eram só 20€, era a última oportunidade que eu tinha para a visitar porque acabava o Erasmus dela, e o voo era directo Pisa-Bruxelas. Por isso lá fui eu. Mas o que eu não pensei é que valesse tanto a pena.

Cheguei terça de manhã, e enquanto me dirigia a Thieffry, estação de metro da casa dela, entre trocar de autocarros e metros, ouvi logo falar português. Português e muitas outras línguas – imensos imigrantes naquela cidade!

Para pedir indicações, tomei conta de que o meu francês estava muito esquecido, então perguntava sempre “Do you speek english?”, e quando um segurança me respondeu “Seulement Français ou italien”, fiquei contente de ter outra opção com que me conseguia safar :D E da vez em que uma senhora não me deu outra hipótese senão o francês, lá consegui formular um “Où è il metro?”, sem me lembrar porém de que não ia perceber nada da resposta… lol

Chegada a casa da Stella, metemos a conversa em dia durante um café com leite e torradas, para logo depois sairmos para começar a visita guiada por Bruxelas.

Entre muita conversa, vimos o Cinquentenaire, a Comissão Europeia, o Parlamento Europeu.



Regressámos a casa, onde jantámos, e depois saímos de bicicleta para eu ir provar as célebres cervejas belgas ao Taverni. Duvel, Kwak, Kriek de sabores… são MESMO boas!


No dia seguinte, novo passeio. Começámos por ir à universidade, que gostei imenso, já que todas as faculdades estão juntas num mesmo Campus e os estudantes dos vários cursos podem partilhar os espaços comuns.

Breve ida ao departamento de Erasmus para finalizar o Learning Agreement e carimbar os últimos papéis. “C’est finit”, diz o coordenador. E tal como este, houve uma série de episódios que me meteu impressão, no sentido em que apanhei os últimos dias da estadia delas em Erasmus, quase quase de regresso, e houve coisas tristes deste género a que assisti, designadamente deixar de comprar comida para se acabar com as últimas coisas que ainda estão no frigorífico, receber a caução da senhoria, fazer as malas, descolar os postais e fotografias da parede do quarto… e depois os inevitáveis abraços apertados e as lágrimas de despedida… Ainda está longe, mas quando chegar o meu dia de fazer tudo isso também vai doer.

O passeio prosseguiu. Fomos ao Atomium (representação de um átomo de ferro ampliado 165.000 milhões de vezes, construído no contexto da Expo 58), à Grand Place (das praças mais bonitas que já vi), ao Manneken Pis (a famosa estátua do menino de bronze a urinar, cujas histórias em relação à sua origem divergem. Julgava-o maior! Tem apenas 30cm…), à Janneken Pis, e à famosa catedral. Mas o que mais gostei mesmo foi a arquitectura: são poucos os prédios altos, é quase tudo casinhas muito típicas e tão queridas!

Jantar de despedida, e depois seguimos para um bar de Salsa, Monte Cristo, onde pude ver que a Stella está a dançar muito bem. Eu também ainda dancei com uns 5 parceiros (que desenvergonhada!). Quando eles me convidavam para dançar, eu bem dizia que só sabia o básico, mas eles insistiam em ensinar-me…


Quando fechou fomos tomar um copo no Delirium, o bar mais famoso de Bruxelas, com mais de 200 tipos de cervejas diferentes, e lugar no livro do Guiness! Copo esse que se estendeu pelo resto da noite, até à hora de abertura do metro, e onde conhecemos imensa gente: belgas, italianos, ingleses… Chegadas a casa, não deu para dormir: era tempo de eu fechar a minha mochila e começar a fazer o caminho de regresso ao aeroporto Cherleroi.

Um curto período na Bélgica, mas muito bem preenchido. Para além de ter gostado de ver a minha Stellinha, e de constatar que ela está bem mais madura, levou-me a pensar que não vou voltar a ter um ano assim; um ano em que me apeteça apanhar assim um avião à maluca de Terça a Quinta-feira para ir passear a Bruxelas.

Para além disso, achei Bruxelas uma cidade muito completa para se fazer Erasmus, com um bocadinho de todos os ingredientes que acho importantes, embora muito diferente de Pisa. Para além de ser bastante cosmopolita, culturalmente é muito rica, é grande, mas apesar disso podemo-nos movimentar de bicicleta, o que a meu ver torna esta experiência bem mais especial :)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Esami

Finito!

Acabei os exames na semana passada, finalmente!

Fiz Diritto Interrnazionale Privato, Diritto Tributario, Diritto della Famiglia, Diritto delle Successione e ainda estou à espera do resultado da prova intermédia de Diritto del Lavoro I e II. Tudo oral, excepto Lavoro.

Ora são de notar algumas diferenças em relação aos exames de Direito a que estava habituada no ensino português.

Para começar, a roupa. Se na minha faculdade de Lisboa, para as orais temos de ir todos "pipis", os rapazes de fato e gravata, e as raparigas também com algum grau de formalidade, aqui vai-se de calças de ganga, de ténis, é o que calha, não há cá esses formalismos. Muitas vezes nem os professores estão de fato nas orais, nem mesmo nas aulas.

Depois, em regra os exames são orais. As notas são de 0 a 30, mas a nota mínima de passagem não é 15, mas sim 18. Mal se acaba a oral, o professor escreve a nossa nota no Libretto, uma espécie de boletim do aluno que todos devemos ter. Ao contrário do que sucede em Portugal, não temos de esperar que todos desse dia façam a oral para saber a nota. Acaba-se, e sabe-se logo.



No único exame escrito que fiz, pude constatar que o copianço e as cábulas são universais.

Em todos os exemplos que se dão para explicar as matérias, os três participantes são Tizio, Caio e Sempronio, o que me causa alguma estranheza. É que em Portugal os sujeitos dos exemplos têm sempre o nome das primeiras letras do alfabeto (“O senhor A comprou ao senhor B, que vendeu ao senhor C etc.). Porquê aqueles nomes estranhos cá? Cheira-me a mitologia romana. Senhora-mãe-professora-de-história, não quer fazer o favor de me esclarecer?

O ensino cá é muito teórico, e todos os colegas que tenho de engenharias estão a dar em malucos. Não há exercícios, só decorar teoria. Dizem que nunca tiveram de estudar tanto na vida como estudam cá. E isto leva-me à última e mais importante diferença que sinto no ensino do Direito cá.

Cá temos de decorar números de artigos e todo o seu conteúdo, decorar datas, decorar leis, decorar definições. Interpretar? Perceber? Raciocinar? Relacionar? Saber explicar? Saber doutrina e quem defende o quê? Fazer casos práticos? Pfff isso não é preciso cá. Decorar é o que se quer. Sentar e desbobinar, como se se pusesse uma cassete no Play. Ou seja, decorar tudo o que está escrito nos artigos, porque a lei não se pode ver. Como disse uma professora a um colega meu que pediu para abrir o Código Civil no meio de uma oral, “Se guarda il Codice, c’è scritto!”. Nem para as orais de direito civil levam código… E quando dizemos que em Portugal não há qualquer problema em abrir os códigos durante os exames, associam isso a facilitismo. Como estão enganados… decorar o direito não é saber o direito. Pergunto-me com que preparação ficará esta gente para a vida prática…? Já para não falar de que desde que cá estou não fiz um único caso prático...

A história de que em Erasmus são só facilidades e de que toda a gente passa às cadeiras, salvo raras excepções, não é bem assim. Os italianos costumam dizer “Gli Eramus non studiano, gli fanno passare”. Não é nada disso. Todos nós temos andado com noitadas e noitadas de estudo, cafés, chá preto, nervos, ansiedade, e como é normal, já há histórias de chumbos, desistências de exames… por isso, não é por aí.

E pronto, estas são as principais diferenças que me foram espantando ao longo do período de exames. Agora é tempo de aproveitar umas feriazinhas, com muitas visitas e viagens, que o 2º semestre já está aí à porta. Mas não sem antes ir ao supermercado, fazer umas limpezas e umas arrumaçõezinhas, que os exames desleixaram tudo :P


P.S.- Já fui buscar o certificado do exame de italiano, e mesmo depois daquele incidente, ainda deu para um Distinto (as notas são Sufficiente, Buono, Distinto, Ottimo). Venha daí o nível B2!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

New flatmate?

Dos 7 habitantes da minha casa, apenas a Inês nos vai deixar no fim deste semestre. Como o contrato de arrendamento é por 1 ano, ela está incumbida de arranjar um substituto para o seu quarto. Assim sendo, há a séria hipótese de um inglês que já está cá mas quer mudar de casa, vir morar para o quarto ao lado (e com ligação) ao meu. Chama-se Chris, é de Nottingham - terra do Robin dos Bosques - e tem uma pronúncia daquelas mesmo british que eu adoro adoro adoro, tipo Hugh Grant.


Estou radiante com tal ideia, porque embora eu passasse a ser a única rapariga da casa, no meio de 6 rapazes, o meu inglês caiu no esquecimento e actualmente limita-se ao básico. Se ele efectivamente vier, já acordámos sessões periódicas de "english time". Para além de que se ele me contagiasse com aquele british accent era perfeito. Mais, em 7 co-inquilnos passariam a haver 4 nacionalidades diferentes, não é brutal?!

Por tudo isto, estou aqui a fazer figas para que ele não arranje outra casa que prefira!

Despedidas

O primeiro semestre chega ao fim, muita gente já está de avião marcado para regressar, e já começaram as festas de despedida.

Não vai ser uma altura fácil. É facto que chegarão muitos novos Erasmus, mas tantos outros que agora nos são tão queridos partirão dentro de dias, e sei que muitas lágrimas correrão. Parece o fim de uma era.

Mas se em algumas alturas em que as saudades falaram mais alto me questionei se afinal eu própria preferia ficar só por um semestre, agora vejo que esta cidade ainda tem tanto para me dar, que o melhor ainda está para vir com o calor, e que esta experiência ainda sabe a tão pouco, que realmente tenho a certeza de que

estou mesmo feliz por continuar por cá!